Se eu mandasse, tornava obrigatória a leitura de Identidades assassinas de Amin Malouf. Escrito há cinco anos, já lá estava o nosso mundo todo: o 11 de Setembro e a Guerra do Golfo só o vieram actualizar. Uma reflexão profunda e desasombrada acerca das questões identitárias, dos nacionalismos exacerbados, do racismo contemporâneo, da globalização cultural hegemónica, das ortodoxias religiosas ou do «choque das civilizações», escrita por um dos melhores romancistas actuais de língua francesa, numa linguagem simultaneamente despretensiosa e arrebatadora. Um texto que não se fica pelo pessimismo fácil da moderna filosofia política mas que apresenta corajosas alternativas morais à intolerância e ao hiper-relativismo vigentes.
O desejo do autor acerca do destino do livro «era que o seu neto, já homem, o encontrasse um dia por acaso na biblioteca da família, o folheasse e percorresse, e o colocasse outra vez no sítio poeirento de onde o tinha tirado, encolhendo os ombros de espanto pelo facto de no tempo do avô ainda ter sido preciso dizer aquelas coisas.»
Um livro que, indubitavelmente, torna o mundo melhor.
Mas, se eu mandasse, não obrigava ninguém a ler nada.