Um destes dias, durante um jantar, ouvi uma amiga a repreender a filha de três anos: «Porta-te bem senão chamo o sr. polícia e ele leva-te!» Soou-me estranho. Não pude deixar de lhe dizer que, assim, só estava a instilar na criança o medo da polícia. E lembrei-me de, quando eu próprio era pequeno, o meu pai me dizer que os polícias eram amigos, que se me acontecesse alguma coisa ou se me perdesse dele, devia imediatamente procurar um polícia. Que as pessoas de bem nada devem temer da polícia. E passada a revolta natural da adolescência contra qualquer forma de autoridade, foi esta a ideia que permaneceu. Mas a minha amiga, que por acaso é advogada, respondeu-me de imediato: «Tu não lês jornais? Não vês televisão? Neste país deve-se mesmo ter medo da polícia!»
Será?