quarta-feira, julho 09, 2003
Cortazar
Abro Les armes sècretes de Júlio Cortazar. O título de um conto atrai-me de imediato: Le fils de la vierge. Descubro com espanto que se trata da história de um fotógrafo amador, estrangeiro em Paris como eu próprio já fui. Sem perder o espanto descubro que se trata do conto que inspirou Antonioni no suberbo Blow Up. Não consigo deixar de pensar que o conto é infinitamente mais belo do que o filme, e mais perverso também. Embrenhado na tensão do desejo do conto Les armes secrètes lembro-me, de repente, que vivi a alguns metros do quarto onde viveu Cortazar em Paris. Sim, o meu quarto na Maison des Étudiants Canadiens na Cité Universitaire distava apenas dois passos da Fondación Argentina onde Cortazar viveu nos anos 50. Não pude impedir-me de pensar que algumas destas histórias sublimes começaram a ser imaginadas no pequeno quarto que agora exibe a placa: «aqui vivió el grande escriptor argentino...»