domingo, novembro 09, 2003
Também tu, Brutus?
A tendência dominante é a de considerar que o investimento, e sobretudo o investimento directo estrangeiro, é bom em abstracto. Um projecto é tanto melhor quanto maior é o investimento que se lhe encontra associado, ponto final. Não se aceita, portanto, que um determinado projecto imobiliário, por exemplo, possa ser reprovado por contrariar as disposições regulamentares de um instrumento de gestão territorial ou por razões ambientais. No Algarve, sempre que um investidor alemão ou holandês não pode avançar com o projecto de execução de um condomínio privado em zona de máxima infiltração ou na crista de uma arriba em faixas de risco, a indignação cresce e acena-se com o fantasma da perda de investimento directo estrangeiro que, invariavelmente, será desviado para Espanha; que assim não saímos da cepa torta. Ora muitas vezes acontece o contrário. A multinacional alemã Benteler, por exemplo, anuncia a intenção de construção de uma segunda fábrica de componentes para a indústria automóvel no nosso país, supostamente porque não foi possível encontrar na Galiza solo industrial disponível. E descobrimos então que a Espanha também se dá ao luxo de perder IDE; que em Espanha também há planos de ordenamento do território; que em Espanha também há Rede Natura e áreas protegidas. E isto é uma surpresa...