quinta-feira, novembro 06, 2003

Finalmente...

E não é que Durão Barroso teve finalmente a lucidez e a inteligência de perguntar a Francisco Louçã porque espécie de razão é que a esquerda continua a achar-se no direito de entender que só ela tem coração? E não é que na ala esquerda do parlamento, ninguém lhe soube dar uma resposta coerente e justificativa? Não era esta pergunta necessária há já um bom par de anos? Com a sua pergunta na discussão do Orçamento de Estado para 2004, Durão Barroso sentou a esquerda portuguesa, e apertou-a ainda um pouco mais com o prometido aumento das reformas em seis por cento, a que acrescerá a diminuição das listas de espera nos hospitais a breve trecho. O arregaçar de mangas do governo, traduzido no agarrar das tradicionais bandeiras da esquerda deixam pouca margem de manobra para grandes contestações. Mais, a oposição tem agora muito mais trabalho, se quiser ser alternativa séria em 2006, tanto mais que o défice está contido dentro dos limites impostos pela União Europeia, apesar de todo o alarde que se fez em torno desta questão. Sem nutrir qualquer simpatia pelo Primeiro-Ministro, imparcialmente direi que o seu discurso político começa a fazer algum sentido apenas porque procura quebrar os tradicionais tabus e chavões que não têm qualquer razão de ser no actual estado da democracia portuguesa.