sexta-feira, outubro 10, 2003

Tudo nos pertence

[para A.B.O.]

O mar da península
com suas imagens
quebrado nas dunas
antes dos naufrágios
o vento do árctico
nos dedos mais ágeis
os jardins suspensos
imensos e frágeis

tudo nos pertence
quando somos jovens

Um dia o deserto
levanta as amarras
das águas de junho
de todas as margens
o rumor do inverno
o calor dos trópicos
o lume imprevisto
por entre a folhagem

Perdida a memória
de medos e perigos
tudo nos pertence
quando somos jovens
e por um instante
nos sabemos vivos