Depois da tempestade era preciso recolher os
destroços e organizar as defesas. Vieram então à
linha de rebentação os economistas com
suas pranchas de surf e seus inúmeros gráficos.
Ajudantes de campo com sua álgebra e seus
logaritmos impressos vagueavam à distância
repetindo nos átrios encerados, uma a uma, as
sombras dos portões das fábricas e dos
armazéns das periferias. Guardas fiscais com
seus impermeáveis cinzentos e sapatos de chuva
mediam os alçados dos edifícios alienáveis
e contavam pelos dedos subindo ligeiramente
contra o lábio superior a língua humedecida nos
labores do cálculo. Os namorados à procura do
primeiro emprego gostavam de mostrar em
público que sabiam tocar-se mutuamente
em esquadria, numa rigorosa aritmética.