«Já o sol atingia a linha do horizonte e começava a mergulhar no mar quando os mouros chegaram às naus, que acabavam de ancorar». Este é o resumo da primeira estrofe do Canto II d’Os Lusíadas, na versão do Expresso. A rima é um bocadinho pobre, mas a musicalidade está garantida: «se o que procuras são as mercadorias orientais, a canela, o cravo, a pimenta, ervas medicinais...» O original que se cuide...
Mas não é só a musicalidade... Mesmo quando Camões parece menos inspirado («Quais para a cova as próvidas formigas,/ Levando o peso grande acomodado»...), os comentários que acompanham cada uma das oitavas não abdicam da originalidade e da vivacidade das imagens: «Do mesmo modo que as previdentes formigas levam grandes pesos para as suas covas»...
É verdade que a ortografia não sai muito bem tratada: ha, apostolos, tambem, ceus, conclue, saiem, àgua, maguada, têem, quizeram... Mas o caso não é grave, numa edição que se pretende didáctica...