segunda-feira, setembro 13, 2004

Restos

Fresca, a noite esvai-se
já é outra a manhã.
De novo, a mesma
face no espelho,
a barba crepitando insana
sob o arranhar da lâmina.
.
Sangue, a gota ínfima
escorre no lavatório e desfaz-se
na água que a toma.
Não há nada, não és nada
não existes, apenas e só
uma vaga memória de ti,
.
Se apega e apaga, tenuemente,
no espelho embaciado.
Por fim desapareces
na chávena de café
que trago de uma vez só;

respiro, suspiro e
.
Queimo a língua
que, em vão,
te sorveu à exaustão.