quinta-feira, setembro 16, 2004

[O tempo]

As vozes do passado às vezes nos cercam
com inúmeros ferros e seus óxidos,
sua cal de pedra, sua persistente
e subterrânea ondulação.

O metal incandescente da memória
traz à superfície o relógio dos nomes,
os lenços perfumados das frases,
as páginas dos livros.

Quase ninguém sobrevive a
essa estranha caligrafia
onde o arame farpado e a água fresca dos púcaros
se misturam.