segunda-feira, julho 05, 2004

Um ano, já!

O Contrasenso envia a Um Pouco Mais de Sul uma calorosa mensagem de parabéns pelo seu primeiro aniversário, que aqui se agradece. Confesso que a efeméride me tinha escapado, pelo que, apenas por tal, não se preparou adequado repasto para celebrar o evento. Aqui fica o pedido de desculpas à blogofera, mas igualmente a promessa de que para o ano tudo será diferente se este espaço durar até lá.

Um ano é sempre altura de balanços, estranha mania esta que todos temos. Perdoe-me o leitor, mas todavia aqui não o farei, em primeiro lugar porque este blog não me pertence, mas sobretudo porque o maior mérito da sua existência não é meu. O Zé Carlos, o João Filipe e o Joaquim Coelho têm uma grande quota-parte de responsabilidade no que aqui foi acontecendo e por isso o balanço também teria de ser deles ou seria incompleto. Em segundo lugar porque, sumariamente, um blog é aquilo que se vê, aquilo que se lê, aquilo que fica depois de se ver e de se ler, e quantas vezes o "aquilo que fica" é pouco mais que nada. Correndo o risco de achar que porventura poderia ser levado a escrever um balanço que pudesse nada significar, recato-me antes naquele episódio retratado por José Eduardo Agualusa, n' O Vendedor de Passados:

"Numa ocasião levaram-me a uma festa. Um velho festejava o seu centésimo aniversário. Quis saber como é que ele se sentia. O pobre homem sorriu-me, atónito, disse-me n ão sei bem, aconteceu tudo demasiado r ápido. Referia-se aos seus cem anos de vida e era como se estivesse a falar de um desastre, algo que sobre ele tivesse desabado minutos antes. Às vezes sinto o mesmo. Dói-me na alma um excesso de passado e de vazio. Sinto-me como esse velho. [...] E todavia, estou vivo. Sobrevivi"

Eis o que há a dizer sobre Um Pouco Mais de Sul, sobre este primeiro ano, sobre esta quase-fatalidade de escrever por acidente. Salut!