Eu que cresci no interior de uma árvore
às vezes imagino o mundo desenhado
com o rigor das folhas do vidoeiro
ou com a perfeição das suas sementes
aladas: como se uma árvore
por um instante breve pudesse reproduzir
em todas as paredes e em todos os pátios
de todas as casas do mundo
esse repetido milagre: o do inverno
a tecer junto às raízes
o limbo e o seu ápice, o pecíolo,
a bainha, uma semente que
o vento mais tarde levará para longe
para que mais nos pertença.