A dúvida atormenta-me novamente. Levo o portátil para férias, mantenho-me em contacto com o mundo (e se assim é, com o trabalho também) ou dedico-me pura e simplesmente ao ócio e desligo? Certo é que rumarei a Norte, ao Gerês, em busca do que já não se encontra no Algarve. O cansaço do Sul, das mesmas praias de sempre, dos amigos estivais, a ausência de coragem e vontade para rumar à Culatra afrontam-me este ano. Por outro lado, a vaga de calor e a necessidade de mudar de ares (nunca pensei dizer isto do Algarve) levam-me este ano a procurar praias a Norte. Ano de Xacobeo na Galiza, a bicicleta será fiel amiga numa parte do percurso, porquanto a Inês, já mais crescida, será companheira de viagem e não menosprezará umas pedaladas junto a Castro Laboreiro, primeiro, e depois junto ao Cabo Finisterra. Barragens, Rias Bajas, enseadas e um festival de música celta junto a La Coruña para complementar a paisagem selvagem do Gerês constituem um aliciante programa para os dias que se avizinham. E há a gastronomia ainda, os mexilhões com pimentos e o pulpo a galega de fazer crescer água na boca ao mais infiel peregrino que na condição de mouro de circunstância constituo a tais latitudes. Mas também, no fundo, quem sabe um serão a pintar os aristogatos ou a Branca de Neve na mesa de madeira da sala, a ler algo de circunstância ou simplesmente a repousar no alpendre, poderá ser o melhor das férias. Que me perdoe Xantiago se por acaso ignorar as suas ossadas e as orações dos devotos, mas este ano vou ao sabor do vento e das páginas de alguma literatura pagã. Enfim, volto daqui a semana e meia... se resistir à companhia do portátil.
Boas férias para os que igualmente partem e coragem para os que ficam ou já regressaram do paraíso.