sexta-feira, novembro 12, 2004

Inverno

Vivíamos na ilusão de que o amor permanece contra as filas de trânsito e os horários de trabalho, contra o preço dos iogurtes e as revisões do carro, contra os prazos dos empréstimos, as avarias do vídeo, as portagens criminosas na Via do Infante. Vivíamos na ilusão de que o amor era um território imune à erosão do quotidiano. Hoje sabemos que não é assim. Mas sabemos também que sem o amor até o rumor da tempestade (meu amor) nos deixa frágeis, alarmados, sobressaltados, desprotegidos.