sexta-feira, setembro 19, 2003

Florbela, 1918

Em mil novecentos e dezoito, nesta mesma
casa de Quelfes, Florbela corrige devagar
alguma da excessiva emoção dos sonetos
autógrafos do Livro de Mágoas. Por
um instante recorda o calor que em Évora, um
ano antes, se desprendia das pedras cor
de laranja do liceu, e como por
vezes o futuro se desenhava plausível
nos intervalos da dolorosa descrença
no mundo. Desce depois até ao pátio da
casa algarvia. Mas é como se já não houvesse
regressos, a respiração difícil ainda de tanta
luz à pequena sombra duma amendoeira jovem.