terça-feira, setembro 23, 2003

Delft, 1675

A luz havia de quebrar na cómoda do
quarto e só depois iluminar metade
da parede, o jarro com água, os panos verdes
do armário. Não gostaria que lembrasse

nada ao percorrer com vagar e definir
os objectos mais próximos. A cor, talvez
molhada nos primeiros planos, teria
depois um nome e um modo único de tocar

a roupa de quem entrasse por uma porta
adivinhada ao fundo. Não daria expressão
alguma a esse rosto de mulher, às suas mãos,
ao movimento de sentar-se. Um mapa e

uma carta ficariam esquecidos na mesa do
lado da janela. E só o rumor da manhã quase
no fim daria ao quadro, entre tanto, um
pequeno relevo d água leve de coral.