sexta-feira, janeiro 16, 2004

Ficções

aqui contei a história: o meu exemplar do Livro desapareceu-me da biblioteca. Por isso, quando o Público o reeditou em Julho do ano passado, na Colecção Mil Folhas, aproveitei logo para comprar um exemplar. Chegado a casa, verifiquei com espanto que faltava uma das minhas peças preferidas: «A aproximação a Almotásim». De facto, na edição do Público (pelo menos no meu exemplar...), de «Tlön, Uqbar, Orbis Tertius» passava-se de imediato para «Pierre Menard, autor do Quixote», sem que ficassem quaisquer sinais desse relato de um romance publicado em Bombaim nos anos 30.
Hoje descubro que é prática normal os livreiros, ou os funcionários das livrarias, ou ambos, retirarem um ou outro livro da estante, levá-lo para casa e, no dia seguinte, arrumá-lo de novo (ver Fiama, post de 12 de Janeiro) . Como vêem, tenho razões para suspeitar que seja mais grave: que, tendo um livro em casa, e gostando particularmente de um conto, de um poema ou de um capítulo de romance, o livreiro, ou o funcionário da livraria, possa fazer (ainda que involuntariamente) com que esse excerto desapareça do livro.
Não me parece mal. Só lamento é que tenha sido logo precisamente com o meu exemplar...