Um amigo cujas opiniões muito prezo aconselhou-me aqui há uns dias a abandonar o tom lamechas e lírico do blogue e a passar a textos «interventivos». Explicava: «há por aí tanta coisa por onde intervir, e tu a falares dos fins de tarde e das amendoeiras em flor. Começa a não haver pachorra».
Aquilo tocou-me. E jurei para mim mesmo que não haveria de deixar aqui uma única referência aos azuis do crepúsculo nem às flores da Amigdalus comunis durante um mínimo de três semanas.
Pois este meu amigo hoje telefonou, eufórico, a perguntar-me se já tinha reparado na explosão de branco que as amendoeiras desenhavam na berma e nas imediações da estrada do Colégio do Alto.
Tive, claro, que lhe responder que não. Que ainda não tinha reparado. Que andava um bocado ocupado a ver se encadeava uns textos «interventivos».