O lume do outono a
insinuar-se nos púcaros com sede
a flor inúmera de junho
as mãos desenhadas de
memória onde cresce o abandono
como se ninguém pudesse sobreviver
às imagens do passado
Às vezes é o deserto o
que parece atar a cada um
dos nossos nomes
a sua exígua voz iluminada
pela sombra
e nos transporta a uma ausência que
não tem raízes nas palavras
e no entanto nos pertence
até ao mais fundo
de nós próprios