sexta-feira, janeiro 30, 2004

Tapar o sol

Recolhes a peneira, a rede mosquiteira, as redes da armação, as redes metálicas de malha fina. As areias movediças vão ganhando espaço, desvias-te por instantes, sobes o talude quase a pique, instalas-te num plano mais elevado, juntas a tralha com método. Levantas então um dos objectos com os dois braços esticados na direcção dessa luz intensa, escolhes o ângulo certo. Mas a luz atravessa as malhas: um labirinto geométrico de sombras desenha-se no teu rosto, espalha-se no chão. Pegas de novo na peneira. E ficas assim a tarde, tentativa após tentativa, a ver se com ela consegues, por uma vez que seja, tapar o sol.