O Algarve é mais bonito de comboio. Sendo que, apesar dos conhecidos problemas do modo ferroviário regional, há troços com horários decentes e com tempos de percurso competitivos com o automóvel. Em particular no Sotavento. Quem vive em Cacela e trabalha em Faro, por exemplo, devia ser proibido de se meter à estrada, diariamente, e orgulhosamente só, de automóvel em riste. Mas nós, alarves, recusamo-nos a usar os transportes públicos se tivermos carro. E todos temos carro (ou vários). E portanto é isto:
No Algarve, «o reforço do uso do automóvel ligeiro pelos residentes nas deslocações, como condutores ou como passageiros, é talvez o aspecto mais preocupante do cenário que esta análise nos propõe. Assumindo valores que superam metade do conjunto de deslocações, ultrapassando mesmo o que se verifica nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, este padrão corresponde a uma situação de ausência de organização dos transportes colectivos e a um consumo energético completamente alheio às preocupações e necessidades das sociedades modernas» (João Guerreiro, Peter de Sousa e Vítor Teixerira, in Sociedade e Território, Dez. 2003).
É uma vergonha... Começando pelo signatário, que, apesar das recorrentes promessas de mudança de hábitos, ainda faz parte destas estatísticas paradoxais...