segunda-feira, agosto 23, 2004

[Quase tudo]

Tu podes fazer tudo o que me fazes:
chegar a casa tarde, enlamear
o hall sempre que chove ou tropeçar,
já bêbado, nos vasos dos lilases.

E podes-te esquecer que faço anos,
adormecer ligado à internet,
deixar a tampa erguida da retrete,
fechares-me na floresta dos enganos.

E podes humilhar-me na presença
dos teus colegas parvos, boçais, fúteis,
que acham que os poemas são inúteis
num mundo onde o que interessa é uma avença.

(Mas chora. Fica triste. Expõe a dor.
E diz-me que lamentas, meu amor.)