Conheço o argumento: vem nos livros.
Morreste, ias morrer - que espalhafato...
E afinal ainda estamos vivos:
o amor matou-nos em sentido lato.
É claro que a sinto: a cicatriz
não passa, queima, é funda, oblitera.
Mas penso que é possível ser feliz
sem estar a vida toda à tua espera.
Por isso é que te peço: vê se chove
na rua, no telheiro, no jardim.
Bem sabes que essa dor não me comove.
O que te dói já não me dói a mim.
(Mas lá no fundo eu quero é que tu cresças
e que o adeus te custe e que não esqueças.)