domingo, agosto 08, 2004

Melancolia

Uma vaquinha foi a novidade desta noite. Tens uma vaquinha nova, malhada a preto e branco, com uma cauda que pica no nariz, como um junco. A rir, relatas-me que nadaste numa piscina de água salgada, com braçadeiras verdes transparentes. Sinto que a distância me faz mais mal a mim que a ti e por isso interrogo-me sobre quem será aqui o dependente. Até porque, e isto é um segredo que fica entre nós, durmo há várias noites agarrado à fralda branca que, disfarçadamente, meti no meio dos teus lençóis na última vez que te adormeci, para que ganhasse o teu cheiro.
Recordo o teu rosto adormecido e não me posso impedir de pensar como é simples o teu mundo que nós, os adultos, teimamos em complicar.