sexta-feira, agosto 20, 2004

[As feridas do amor]

Não quero do amor os grandes lances,
as cenas de teatro, a poesia
(detesto as personagens dos romances
que morrem de desgosto ou anorexia).

Nem quero que me chames Julieta
armado - tão ridículo... - em Romeu
(detesto o argumento, acho-o careta:
demais a mais nenhum sobreviveu).

Gostava é que estivesses a meu lado
nas horas mais difíceis: numa gripe
ou numa depressão, num resfriado.

Mas tu, amor, só pensas no teu jipe,
na bolsa, nas acções, nas frases feitas.
Enfim: fazes a cama em que te deitas...