A comunicação social tem ido atrás (às vezes à frente) do pior que temos e do pior que somos. Custa assistir a este ritual diário. Que entra pelos editoriais, pelas primeiras páginas, pelas colunas de opinião, pelos noticiários televisivos. Uma tristeza. Mas a gente recorda-se, ou deverá recordar-se sempre, de um tempo em que se fabricavam e usavam filtros para obliterar a percepção pública disso mesmo, da irracionalidade, do compadrio, da injustiça, da arbitrariedade. Ora talvez não seja pior (não é) aguentar os actuais exageros que suportar as antigas omissões, o silêncio, a censura prévia. Convinha ter presente...
O mau é que os exageros de um lado costumam justificar os exageros do outro. E é assim: a irracionalidade tem dois extremos que se tocam.