quinta-feira, dezembro 02, 2004

Silêncio

Não te saberia dizer tudo o que me apetece. Nem porventura o que não me apetece. Não esta noite, não hoje Por vezes, como em várias ocasiões te referi, só devemos proferir palavras que consegam ser tão doces como o seria o próprio silêncio. Bem sei que não é isso que nos dizem normalmente os psicólogos e os técnicos da psique, mas o silêncio, até prova em contrário, não será igualmente o pior dos caminhos. Por isso, o desvalor ou o seu contrário, a valoração da conduta que cada uma das nossas atitudes assume face ao outro não pode ser hiperbolizada como por vezes o fazemos.
Já te referi bastas vezes aquela entrevista de Gabriel García Marquez, não aquela em que faz a apologia de Fidel Castro; refiro-me antes à outra onde menciona que não se devem pronunciar palavras, sejam elas quais forem, de raiva, de confronto, de discussão, sobretudo a quente. Se possível, devemos mesmo guardá-las dentro de nós e nunca as devemos pronunciar seja em que contexto for. Bem sei quão difícil isso é, e quão errado isso pode parecer à primeira vista. Bem sei que nem sempre foi assim entre nós. Mas hoje, e depois de hoje, amanhã, podemos ao menos tentar que assim seja? Tentar, apenas tentar...perceber que o outro entende e aceita.