sexta-feira, dezembro 10, 2004

Amparo da memória

Ouve a voz que te ampara
e segura de encontro à parede débil do teu equilíbrio.
Ouve-a, àquela que te leva pela mão
na estrada semeada de poças de lama,
soturna, cabisbaixa, cambaleando
junto aos ciprestes que ladeiam o caminho.
.
Olha-a, não escondas os teus olhos plenos
de lágrimas, nem enxugues as gotas
que te escorrem pelo rosto.
Deixa-a recolher cada uma
e guardá-las num lugar sagrado
onde nem tu as encontrarás.
.
Porque te peço, esquece
as palavras que te disse e deixa
de desejar as que não te disse
para mais depressa banires da memória
cada traço de recordação que teimas
em trazer ainda dentro de ti.