terça-feira, agosto 19, 2003

Viver no campo

Num desses passeios todo-o-terreno em que os urbanos procuram o contacto com a «natureza» e tiram muitas fotografias a tudo quanto seja «rústico» ou lhes pareça «rústico», alguém pediu à organização que fizesse o obséquio de mandar retirar das proximidades um tractor carregado de estrume «que cheirava incomodamente». Ontem, em Vilarinho Seco (uma daquelas aldeias de milagre onde parece que recuámos no tempo), um amigo meu lamentava-se de haver ainda gado nas imediações da casa de turismo rural onde comemos e bebemos do melhor que a ruralidade ainda nos permite.

A isto, urbanos convictos, ambicionamos: deixar a cidade ao fim de semana, ou lá de tempos a tempos, e ir jantar ou dormir a uma aldeia «tradicional» onde não houvesse vacas, ou onde, não sendo possível exterminá-las, as vacas atravessassem o largo civilizadamente sem largar uma bosta que fosse no empedrado asséptico.