sexta-feira, agosto 15, 2003
Agosto
Saí do Algarve naquela altura em que o Algarve começa a ficar entupido pelos que falam mal do Algarve. Três semanas até que o Algarve regresse vagarosamente à ordem natural das coisas: até que se possa estacionar de novo a menos de duzentos metros de casa, até que o lixo deixe de se amontoar em pirâmides irregulares em redor dos contentores, até que não seja preciso disputar ao sprint, no areal, um pequeno espaço para a toalha onde durante o resto do ano nos sobra tanto. Mas não contava com os incêndios a acrescentar um mar de cinzas às desgraças sazonais. Vejo as imagens na televisão e a tristeza sobrepõe-se a tudo, provando-se que os incêndios lavram também em nós e não apenas na serra, nas suas linhas de cumeada, nas suas encostas de pinheiro e eucalipto.