sexta-feira, junho 04, 2004
Cruel crude
A OPEP anunciou ontem que ia aumentar diariamente em dois milhões a produção de barris de crude, a partir de 1 de Julho, reservando-se o direito de aumentar ainda a produção em mais meio milhão em Agosto. Esta parece ser uma tentativa para conter o aumento do preço do petróleo nos mercados internacionais, o qual não parou de subir o seu preço desde a invasão do Iraque pelas forças americanas. Não que, a propósito, os Estados Unidos tenham aumentado o consumo de petróleo desde então. Não que se recusem a cumprir os acordos sobre a emissão de poluentes para a atmosfera. Não que sejam o país mais poluidor do mundo. Não que as principais petrolíferas sejam americanas. Nada disto faz sentido, mas porventura inclino-me, desta vez, para torcer pelos maus da fita da OPEP e pela sua tentativa desesperada. É uma tentativa ingénua, e infelizmente não resultará, porque o petróleo é um bem escasso e à criação de uma maior oferta corresponderá um aumento da procura, não o abaixamento dos preços, como infelizmente se verá. Ainda que assim fosse, os países em vias de desenvolvimento aumentariam o consumo desta matéria-prima porque se tornaria mais acessível e isso aniquilaria o efeito da tentativa de abaixamento dos preços. Por outras palavras, a má notícia é que o aumento do preço do crude é irreversível.