quarta-feira, janeiro 12, 2005

Promontório

Este amanhecer
traz o abrandamento da fugaz sensação
de que não há palavras
nem cores
que aliviem o negrume
desta prisão
.
chega com
a ténue incerteza de que será o Sol
e a espuma das vagas
alterosas
que enfrentamos
apenas porque precisamos
de lhes sentir o vigor da dor
para tudo ultrapassarmos
.
será isso, e mais nada?
que nos permitirá retornar à vida
se [vida] houver
depois da tempestade
que se afasta
.
Será isto,
mesmo que tudo assim visto
e simultanemanente
nada
pareça fazer sentido
aos olhos de quem
presencia com dor
exasperada
o desencadear da fúria dos elementos
a água a zurzir a rocha
no promontório