sexta-feira, janeiro 28, 2005

inocência

Nessa manhãs geladas, descias o caminho branco da serra e olhavas com respeito e admiração as escarpas de xisto, sentinelas de pedra que guardavam o caminho do rio. O vapor da tua respiração era o único sinal de vida e na curva dos loendros perdia-te de vista quando te misturavas com a neblina que cobria a água já perto do moinho. Eu chegava mais cedo, destravava as rodas da moagem, abria o açude e deleitava-me com a liberdade nova das águas geladas. E mesmo nessas manhãs de frio ardente, era tudo tão simples, tão infinitamente simples, como se a inocência perdida pudesse regressar alguma vez...