sábado, janeiro 08, 2005

[A casa, 2]

Da janela vê-se ao fundo a bruma que
levanta, os primeiros nomes do mundo oscilam
pelos muros altos, não tarda sobre as águas
a calhandra, o fósforo da pedra à luz

caiada da manhã. Raparigas passarão
descalças na linha da margem com maçãs e
nozes, cântaros castanhos à cabeça, rosas
que os cabelos não seguram muito tempo.

O dia claro inunda como um sopro as folhas
do negrilho antigo, mistura os seus
declives ao odor dos púcaros suspensos

da parede: melancólico dia sem outros fios
que os de prender o caminho à casa e
ao silêncio do corpo quebrado nas horas tardias.