domingo, janeiro 30, 2005

A partida

Queres partir
sem olhar para trás nem para o que fica,
abandonas-me,
a mim e a ti,
ao que semeaste [semeámos] dias a fio
às noites sem dormir, às insónias!
e à dor,
procuras uma resposta nas estrelas
esqueces-te do que há dentro do teu coração
e do meu
como se o aviltamento do silêncio
por si só, sem mais,
justificasse toda a dor de uma partida.
.
Vai, se tens de partir,
se é maior a mágoa
que tudo o mais com que sonhas,
e sentes que no meu coração
não há lugar para o teu ser...
Vai, mas por favor abandona-me a tua mágoa,
.
Porque não quero a tua dor,
antes purificar-me
e criar raízes no teu pesar,
alimentar-me do amor
que não pôde, dentro de ti, crescer
deixa-me!
.
Se tens de partir,
mas apenas por ti...