Por razões administrativas (a suposta falta de um salvo-conduto), Michael Kohlhaas, a meio da viagem de negócios, vê-se obrigado a deixar dois cavalos como penhor nos domínios do barão Venceslau von Tronka. Dirige-se ao estábulo, contrata um rapaz a quem confia a segurança e o bem-estar dos animais, e segue viagem. Mais tarde, quando regressa para reaver os cavalos, encontra-os num estado lastimoso, usados de um modo vil nos trabalhos do campo, e fica a saber que o rapaz a quem pagara e confiara a guarda dos animais havia sido espancado e expulso logo depois da sua partida. Apesar da indignação, dispunha-se a abandonar o local e a esquecer o sucedido. Mas acaba por conhecer os pormenores da história, e compreende que há na arbitrariedade do barão alguma coisa que contraria profundamente o seu entendimento do mundo.
E é essa a história de Michael Kohlhaas, o Rebelde, de Heinrich von Kleist: por causa de dois cavalos que não lhe são restituídos nas condições em que fora obrigado a deixá-los, passará o resto da vida, armado de ferro e fogo, disposto a repor a 'ordem do mundo'.