sexta-feira, dezembro 19, 2003

O Sul

As crianças, ruidosas, brincam no recreio. Correm, saltam, escondem-se, gritam, juntam-se em pequenos grupos em redor de um pneu de camião. O céu permanece indeciso entre o branco e o azul. Não há uma nuvem. Os aviões cortam a cidade à altura dos prédios. Os plátanos do jardim da Alameda estão carregados de folhas. O sol, ao fim da manhã, atravessa a copa do eucalipto do outro lado da rua e desenha no asfalto um rendilhado geométrico de luzes e sombras. Não pode ser ainda o Inverno. O calendário está errado. E, portanto, por muito que custe dizê-lo, as mulheres nuas dos calendários das oficinas de serralharia mecânica são, nesta altura, a única coisa acertada com o meridião.