quinta-feira, março 11, 2004

Ofício de esquecer

Procedes devagar na paz da tarde
à invocação de sombras. Um excesso de
rigor te move na pretérita
exclusão das imagens verdadeiras.
Ofício de esquecer por sucessivos
abandonos o que lembra coisas. Vasos,
as primeiras lâmpadas, os limites
inúteis da propriedade finda. Crianças
correndo sempre. O vale e a linha de
água, o olmo último erguido com
esforço no talude verde, a cal e
o lume um pouco antes dos
venenos frios. Num esforço de esquecer
o que sobretudo irrompe de memória.