quarta-feira, junho 08, 2005

O alfaiate e as moscas

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Era uma vez um pobre alfaiate remendão cuja oficina, localizada numa zona menos nobre da cidade, por trás dos estábulos da coudelaria real, era muitas vezes invadida por enxames de moscas, atraídas pelos equídeos dejectos, as quais muito maçavam o alfaiate. Por essa altura, havia no reino um gigante que causava os maiores estragos a pessoas e bens, e ao mesmo tempo que comia animais, a tal ponto que o rei mandou diversos cavaleiros e os seus melhores exércitos combater a horrenda criatura, infelizmente sem grande sucesso.
Estava o rei prostrado pelo desespero, quando teve a luminosa ideia de oferecer uma recompensa e a mão da filha àquele que conseguisse aprisionar o gigante, livrando o reino da sua ameaça. Para isso, enviou arautos por todos os cantos e terras, a fim de anunciar aquela oferta.
Entretanto, o alfaiate ruminava em mezinhas e remédios para conseguir livrar-se das moscas, experimentando tudo o que lhe viesse à cabeça para se livras delas. Um dia, tendo conseguido fazer sete moscas poisar numa folha de papel colocada em cima da mesa de trabalho, conseguiu acertar em todas de uma só vez com o mata-moscas. Ficou felicíssimo e, não resistindo, foi à janela anunciar a todos os que passavam na rua que "matei sete! sete de uma vez!"
Dava-se nessa altura a coincidência de ter sido feito o anúncio real, e discutia-se quem seria capaz daquela façanha, pelo que de imediato, inevitavelmente, o pobre alfaiate foi levado à presença do rei.
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O resto da história será de todos conhecida certamente, e nem é das histórias mais significativas em termos de signficado, ou moral. Ou será? Por certo que sim, se nos abstrairmos de tudo o que se seguiria na história e nos centrarmos no método empregue pelo alfaiate para capturar as moscas. Não, não se tratava de um mata-moscas especial, nem de nada significativo. Reza a lenda que o alfaiate se limitou a colocar umas gotas de mel numa folha de papel, o qual atraiu e colou as moscas que assim não puderam levantar voo. Inequivocamente, a moral desta história é a de que as moscas apanham-se com mel e não com vinagre. Ou não será assim?
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