Olvidate del tiempo, niña
como si estuvieras suelta
luchando contra la inmensa distancia
lejos, asi te creo,
duenã del silencio
hecha de sueños
Una palabra, una sonrisa
me bastán en tu ausencia.
Por la noche, tu nombre me acuerda
y mi corazón te busca
dolce mariposa,
al horizonte de la ilusión
Fustigame el pecho
no tenerte en mis brazos.
segunda-feira, fevereiro 28, 2005
sexta-feira, fevereiro 25, 2005
Regressos
regresso à terra...
encontrar a fonte escondida
pela erva fresca
na sombra do feto e do chorão
dormir a sesta embalado no teu regaço
pelo rumor da água que corre
regresso ao largo...
passar a mão pelos teus cabelos
alisar a tempestade dentro de ti
sossegar-te a fúria
e a espuma do mar revolto
na entrada do porto
regresso a ti...
escolher as palavras certas
amainar o vento nas velas
e no cordame
preservar o teu corpo
da fúria dos elementos
regresso a lugar algum...
.
encontrar a fonte escondida
pela erva fresca
na sombra do feto e do chorão
dormir a sesta embalado no teu regaço
pelo rumor da água que corre
regresso ao largo...
passar a mão pelos teus cabelos
alisar a tempestade dentro de ti
sossegar-te a fúria
e a espuma do mar revolto
na entrada do porto
regresso a ti...
escolher as palavras certas
amainar o vento nas velas
e no cordame
preservar o teu corpo
da fúria dos elementos
regresso a lugar algum...
.
quinta-feira, fevereiro 24, 2005
Despertar

Quem dera a primeira luz da manhã
me houvesse por graça trazido
o brilho do teu olhar ensonado
e os contornos do teu sorriso
Quem dera me houvesses tentado
a voltar para o leito
ficar apenas por mais um instante
e sentir-me perfeito
Quem dera palpar o teu coração
Sentir que o mundo cabe na minha mão
E no meu ouvido soar
o abandono dos segredos do teu peito
Cedo,
Antes dos sons das crianças
e do estremunhar do mundo
À hora em que os pescadores tornam ao cais
cercados pelo voo frenético das gaivotas
a manhã tresandando a peixe fresco, maresia,
restos de plena lua
Quando ainda se pode agarrar a madrugada
estender a noite por um farrapo de tempo
entrelaçarmo-nos como crianças
que de manhã ensaiam a dansa
[Ficar,]
Beber a luz do amanhecer, olhar o rio,
desaguar no teu sorriso sereno
E por fim,
na nua dor do teu prazer
.
quarta-feira, fevereiro 23, 2005
Destaques
É tão raro que é digno de nota; hoje a programação da TV é quase irrepreensível, senão vejamos: na RTP 1 há o futebol (Porto-Inter de Milão) para os amantes do desporto-rei, mas quem não estiver para aí virado nem pelos ajustes, pode deleitar-se com um documentário sobre a Barcelona de Gaudí às 20.00H no Biography Channel. Às 22.00H, o fantástico regresso de Black Adder , personificado por Mr Bean, no SIC Comédia. A seguir às notícias e ao resumo da Liga dos Campeões, cerca da meia-noite, novamente na RTP 1, entram em cena "Escape do Victory" de John Houston, logo seguido de "Como Água Para Chocolate" perto das 02.00H da manhã.
Tudo o que é bom acaba depressa, amanhã voltam os inevitáveis clichés, à excepção do directo do Sporting a partir da Holanda...
terça-feira, fevereiro 22, 2005
segunda-feira, fevereiro 21, 2005
Tempestade

A tempestade filtra a luminosidade
que se escapa do céu do deserto
abafa o estrondo da pólvora
dos disparos das tuas palavras
chamando-me à razão
Suplico pelo teu silêncio
e recolho-me num redunto bafiento
protegido da catarata que se despenha
apenas por uma chapa de zinco
onde mal cabem as minhas aflições
Água abençoada que ameças cair
da pele negra que cobre o céu,
das nuvens centrifugadas pelo vento
que ao longe fustiga a fria lâmina
de gelo afiado
ninfa ensonada, despertas
[os olhos claros]
ergues-te e espantas o sono
acendes as luzes da cidade,
dispersas as cinzas da tempestade
e calas o zumbido dos moscardos
[Impacientes]
em partir à conquista dos invísiveis
redutos das ruas que dormem;
ao fundo alguém chora e outrem ri
enquanto descobre as cores garridas
reflectidas no gume do céu
debaixo do qual me abrigo
ante a fúria das cores
à espera de melhores dias
sexta-feira, fevereiro 18, 2005
Pela manhã

Levantas-te cedo
Antes do Sol nascer
não sentes a temperatura do mundo
Atravessas o vazio
ouves as primeiras sílabas da cotovia
Que confundes com os gritos da ave-do paraíso
Cegas o teu olhar na janela
respiras fundo
perguntas ao mundo
Como extinguir o lume ateado no teu estômago
Salivas. Em antecipação
o primeiro beijo da manhã
apaga a geada e dissipará a bruma
Ardes em saudades
por outro tempo igual
Dual
Varas a janela, despenhas-te
na laje fria abaixo
Fronte ensaguentada
Congelas o palco em que te imobilizas
Fechas os olhos em túmulo de serenidade
.
quarta-feira, fevereiro 16, 2005
Começo

Não cantes hoje,
sopra um vento -
- febril -
levanta um pó que se cola à memória
onde o esquecimento mergulhou
no teu sangue
levantas voo
percebes finalmente
que o mundo é redondo
para que não possas ver o caminho
a percorrer
nem a dispersão das cinzas
o ardor dos olhos
o mito da felicidade
desejo o silêncio
refugiar-me no teu corpo
vácuo
a cidade esquecer
o dia em que nasci
a areia a deslizar
na ampulheta
adormeço por fim,
a voz embargada
bêbado
no sono fingido
um poema violado
as sílabas
protegem-te para a eternidade
para que Luanda, cidade,
me esqueça
no clamor da noite,
uma manhã
de esplendor
de há muitos anos
na verdade...
anos
dor de demasiados
anos
que não me pertencem
a noite chega
não cantes
segunda-feira, fevereiro 14, 2005
Lúcia
sexta-feira, fevereiro 11, 2005
quarta-feira, fevereiro 09, 2005
Missão (im)possível
A pequena Ellen realizou a sua segunda volta ao mundo à vela em solitário, sem assistência e sem escalas num barco gigantesco e num tempo recorde. À chegada, poucas palavras, apenas uma grande humildade, perante um dos maiores feitos do género:
.
"Sur ce tour du monde, j'ai vraiment puisé dans mes ressources. Par moments, j'étais absolument vidée. Dans ces cas là, il ne reste plus rien. Mais il faut tenir. C'est du 24h/24 et il n'y a pas de sortie. L'Atlantique Sud au retour a vraiment été très difficile. J'ai eu problème sur problème et le moindre souci pouvait mettre le record en péril. Pour moi, cette tentative de record a été beaucoup plus dure que le Vendée Globe (*)"
.
(*) [nd: regata disputada à volta do mundo nos mesmos moldes, i.e., sem assistência e sem escalas que Ellem disputou há quantro anos, tendo conquistado um brilhante segundo lugar].
Cemitério

Olho a pedra nua, morta, sem cor
arte deserta, forma fria
ao entardecer vergo os ombros
sob a chuva miúda, ajeito a gola
e caminho em direcção ao portão enferrujado
.
O cheiro denso e pesado da terra
ergue-se no ar e confunde-se
com os instantes da minha crueldade
converte-me num sarcófago
com o remorso da tua infelicidade
.
Queria dar-te tudo
quero dar-te tudo e mais ainda
molhado como estou, viúvo
sobre quem recaiu o peso do teu nome,
estás presente [em mim] como ninguém
.
Só eu sei o que te amo,
o que te amei, pequena corça,
o quanto choro o teu retrato sem cor
impresso por mim quando só em ti
encontrava força para a vida
.
Contigo fui cruel, não aprendi as cores
porque os meus olhos limitados
apenas viam o cinzento que detestavas
enquanto te afundava no meu oceano tolo
de homem sem alma de poeta
.
[agora]
Choro num túmulo de pedra
e imploro à morte que me leve
ao teu encontro
Livraria do Mar
Antoine e Brigitte eram pessoas comuns como nós. Gostavam de livros e de mar. Um dia, venderam tudo o que tinham e rumaram a Lisboa onde pleaneavam viver depois de transformarem uma velha casa em hotel. Felizmente, o alto preço dos imóveis dissuadiram-nos rapidamente da ideia. Felizmente, porque se não fosse assim, Antoine e Brigitte nunca teriam ido ao Taiti. Nem regressado a Paris e talvez a Librairie de la Mer nunca tivesse existido. Para além da venda de obras, guias e cartas náuticas do mundo inteiro, dão-se conselhos e relata-se a sua extraordinária viagem. A não perder, mesmo por pessoas comuns como nós.
sexta-feira, fevereiro 04, 2005
Mensagem

Pedir mais?
Não, deste modo não
prefiro que cometas um crime
me jugules
e nunca mais me abraces
porque é uma fraude
chamarmos a isto amor
quando tanto dói.
.
Liberto as palavras
que dentro de mim tenho
ao mar e aos ventos
para que outros testemunhem
a minha dor
e sejam a barca mensageira
que leva a minha loucura
aos sete mares
.
Desejo que nunca a encontres,
se afunde
no mais profundo abismo
Pedras

Esperar-te-ei ainda
como se o tempo parasse hoje
e as pedras da calçada
não se gastassem sob os meus passos
como se esperasse que a luz
pela manhã
pudesse novamente nascer
depois da tua partida
enrolo as mãos uma na outra
tremo de frio
bato os pés para me aquecer
fecho os olhos
Predisponho-me a sonhar a vida inteira
Abandono

O tempo escreve dia após dia
na rocha, na areia, a nossa história,
sedimenta cada lágrima de ti que deste
cada gota de mim que se esvaiu
mergulho agora nas raízes de mim profundo
na rocha, na areia, na memória
onde se enterra o punhal da partida
da vida que só por ti ainda existe
o tempo risca dia após dia,
o impossível adormecimento
a indignidade dos sinos que dobram
pela certeza do teu perecimento
sou agora um corredor sombrio
onde [se] refugiam as sombras do esquecimento
dobram os sinos sem dignidade
sem esperança no renascimento
pelo amor que tinha por eterno
pelo fino fio carmim que me prende à vida
não há dignidade nem esperança
no perecimento do amor
abandono de sombras e cinzas
engano de quem mal tão mal vê
desapareço por fim e liberto-te da tirania
de amares quem não merece
quarta-feira, fevereiro 02, 2005
Restos

Restos de ti
há restos [de ti] por todo o lado,
derramados no leito
nos lençóis, no travesseiro
no manto
que nos cobriu
.
Restos, de prazer
dos livros que lemos
das músicas, dos risos
das lágrimas, do vómito
das convulsões
do álcool e dos orgasmos
.
Restos [de ti]
que não se apagam
nem nos momentos
de intenso frémito
quando caminho na rua só
ao entardecer
.
Restos [de ti], bebo-os
sem indecisão
nem lágrimas
em cada instante
quando brindo
ao fim dos fumos
há restos [de ti] por todo o lado,
derramados no leito
nos lençóis, no travesseiro
no manto
que nos cobriu
.
Restos, de prazer
dos livros que lemos
das músicas, dos risos
das lágrimas, do vómito
das convulsões
do álcool e dos orgasmos
.
Restos [de ti]
que não se apagam
nem nos momentos
de intenso frémito
quando caminho na rua só
ao entardecer
.
Restos [de ti], bebo-os
sem indecisão
nem lágrimas
em cada instante
quando brindo
ao fim dos fumos
terça-feira, fevereiro 01, 2005
Difícil
Se tudo fosse simples
como os teus passos
a juventude do teu rosto
a nossa linguagem de crianças
a alegria dos insectos
.
E difícil fosse apenas repetir
o teu nome vezes sem conta
quando partes
e vertes agrestes palavras
sem futuro
.
Podia dizer-te as mais belas palavras
aquelas em que medito
e sinceramente acredito
com que às vezes me contento
e noutras abomino...
.
...me abomino!...
Aqui

Aqui onde estou
mergulho a cabeça na água fria
olho o reflexo do espelho
vejo agora que nada mudou
é ainda o mesmo rosto inexpressivo
que me fita, indiferente
.
Se me dissessem
há uns anos que aqui estaria
rir-me-ia de escárnio
vejo agora que nada mudou
é ainda o mesmo rosto inexpressivo
que me fita, indiferente
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