sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Pela manhã



Levantas-te cedo
Antes do Sol nascer
não sentes a temperatura do mundo
Atravessas o vazio
ouves as primeiras sílabas da cotovia
Que confundes com os gritos da ave-do paraíso

Cegas o teu olhar na janela
respiras fundo
perguntas ao mundo
Como extinguir o lume ateado no teu estômago
Salivas. Em antecipação
o primeiro beijo da manhã
apaga a geada e dissipará a bruma

Ardes em saudades
por outro tempo igual
Dual
Varas a janela, despenhas-te
na laje fria abaixo
Fronte ensaguentada
Congelas o palco em que te imobilizas
Fechas os olhos em túmulo de serenidade

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