terça-feira, maio 10, 2005

Mariposa


Inês , Maio 2005
.
As tuas asas diáfanas
de um tempo virginal
movem, quando se agitam,
todos os ventos do mundo
e revigoram este coração
que sossega ao sol,
a emergência imóvel
da paixão
.
Docemente, recordo o sabor
e a ternura dos vértices quentes
de línguas entrelaçadas
enquanto um corpo se sujeita,
nos braços de outro,
em leito de energia celeste,
a um desejo eléctrico
vivido em sonhos
.
Estende tuas asas, mariposa
como uma triste rede
que me ampara
por sobre o solo coberto
de erva verde e fresca
sopra para longe as lágrimas
que verto dos meus olhos oceânicos
enquanto perscruto o teu voo
.
misterioso e insondável que te leva
a pousar numa pétala
cujo único defeito
é não ser lírio branco
na sua angústia de ter nascido
flor do campo sem alma,
escassa no amor
e na memória
.