quinta-feira, abril 28, 2005

Vago

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Vago segredo o de um olhar transparente, fixo
sem resposta
O silêncio de uma distância insuportável
de uma vida sem luz
sem tempo e sem espaço
.

Vejo, em ti, a luz que derruba a crista das ondas
E os remoinhos que se atravessam
no fluxo da vida
Como se somente a própria mão de Deus
Fosse o teu Verbo
.
Nos versos procuro o teu poema mais belo
Aquele que exprime o que não existe em palavras
E que o mundo desconhece
em pureza
e esplendor
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Mesmo quando dentro de mim
batem negras asas
e não há segredo algum entre os sentimentos conhecidos
É o mortal desejo
que me obceca
.
E deflagra o vazio da minha existência
Mendigo de olhos fechados
o instante de uma vida
ainda que para novamente naufragar
e dar à praia num monte de escombros
.
Flutuando na vazante
celebrando o amor
que sobreviveu às cinzas do fogo na floresta sombria
e se perpetua
na memória dos homens do mar
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Apesar do Levante contínuo que sopra.

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