segunda-feira, abril 18, 2005

El Rocío

Volta-se por prazer. Com saudade e vontade de ver o que mudou. Com encanto, como na primeira vez, vemos que tudo está igual. O lugar da romaria, as comunidades, a religiosidade do sítio, a fé, os preparativos ano após ano. As ruas de terra, porque o asfalto e os passeios simplesmente não existem, não há casas com mais do que o primeiro andar e a ermida é o edifício mais alto. Apetece ficar um pouco, apesar do calor e do pó sufocantes, sobretudo no Verão, ou em dias de festa. Passear à beira do braço de Guadalquivir que ali chega, onde os cavalos se banham para a procissão, os peregrinos purificam a alma e livram o corpo do pó do caminho. Pentecostes. Neste ano calha a 16 de Maio a grande romaria a El Rocío del Condado, localidade encerrada no meio do Parque Natural Doñana, Património da Unesco, no coração da Andaluzia, perdida no tempo e na fé dos homens. Imperdível, pelo menos uma vez na vida, como a fiesta em Pamplona, imortalizada por Hemingway antes de se refugiar em Havana. Perceber Espanha, odiar os ventos e os casamentos, mas aceitar que tão perto, as coisas possam ser tão diferentes. E gostar-se, mesmo assim, desse Sul. Muito.