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Quero o que não há-de ser.
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segunda-feira, abril 04, 2005
sexta-feira, abril 01, 2005
Basta, por hoje...
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Uma chuva abrupta de sentimentos
[metamórficos]
fissura o tempo
e as palavras gastas
de um poema liso
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como pedras de calçada
alternadamente polidas
por uma vida fodida
e ruas vazias
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Uma chuva abrupta de sentimentos
[metamórficos]
fissura o tempo
e as palavras gastas
de um poema liso
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como pedras de calçada
alternadamente polidas
por uma vida fodida
e ruas vazias
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quinta-feira, março 31, 2005
terça-feira, março 29, 2005
segunda-feira, março 28, 2005
quinta-feira, março 24, 2005
Oceano
Hoje,
queria saber
como sacudir o oceano dos teus olhos
e secá-los
como se nunca houvessem sabido
o que são lágrimas salgadas
.
Antes
de desaparecer do mundo
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queria saber
como sacudir o oceano dos teus olhos
e secá-los
como se nunca houvessem sabido
o que são lágrimas salgadas
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Antes
de desaparecer do mundo
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quarta-feira, março 23, 2005
Almas
Que espinhos semeia teu amor
no caminho sobressaltado da minha vida
deixando que me pese o uivo do vento
e o rasgar das ondas de alto-mar
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Deixa-me viver tão só o desejo
e a aventura de apenas merecer
o brilho do teu espírito puro
que sempre de sangue conspurco
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O teu amor, a fonte de virtude, o pecado
e o castigo, oiço-te mas não te vejo falar
queixas-te mas não te escuto
sinto-me monstro e a ti donzela
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Quero procurar nos teus olhos
os beijos calados por que anseiam meus lábios
as tuas mãos invísiveis à procura do corpo
que não é meu, inflamado pelo alento do amor
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Almas gémeas, olhando-se em silêncio
sem nome conhecido
Condór
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Anclado entre dos montañas
El Cóndor pasa
el viento selvaje de la borrasca
a lo largo del Anapurna
bajo el cielo de plomo y las flechas
de agua que perfuran sus plumas
.
Acorralado, como si fuera del cielo
y no más de la tierra, lejos
vola como un loco de corazón al viento
de alas desplegadas como tu alma
llena de saludad como un lirio blanco
flotando en un estero de mar.
El Cóndor pasa
el viento selvaje de la borrasca
a lo largo del Anapurna
bajo el cielo de plomo y las flechas
de agua que perfuran sus plumas
.
Acorralado, como si fuera del cielo
y no más de la tierra, lejos
vola como un loco de corazón al viento
de alas desplegadas como tu alma
llena de saludad como un lirio blanco
flotando en un estero de mar.
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terça-feira, março 22, 2005
Alegro, ma non troppo
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O maestro António Vitorino de Almeida lançou uma sinfonia. Não uma sinfonia qualquer, antes uma Sinfonia Benfica, uma ode ao seu Benfica. Está bem, aplauda-se a iniciativa, sobretudo se com isso conseguir pôr os seis milhões de almas benfiquistas que se diz existirem, a ouvir música clássica. Um Pouco Mais de Sul deseja ao maestro e ao Benfica os maiores sucessos no campo musical.
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Inês
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Senhora partem tam tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tam tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
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João Roiz de Castel-Branco, Cancioneiro Geral, III, 134
[evocação de Inês, pelo 650º aniversário da data da sua morte]
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Senhora partem tam tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tam tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
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João Roiz de Castel-Branco, Cancioneiro Geral, III, 134
[evocação de Inês, pelo 650º aniversário da data da sua morte]
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segunda-feira, março 21, 2005
Chac Mool
A lenta passagem do tempo
envenena a carne
e apura as linhas mestras do esquecimento
enquanto depura a febril ânsia do corpo
como a luz que agoniza
nos olhos turvos de um condenado
.
Labaredas em soluços cerram
as pálpebras do passado
na hora em que um grito se arranca
das profundezas da garganta
perante o sangue que escorre pela pedra-mãe
da constelação de calcário
.
Belisco-me para descobrir se estou vivo
mas sei no meu íntimo que sim
Bárbaro símbolo de vida,
não danso nem durmo
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envenena a carne
e apura as linhas mestras do esquecimento
enquanto depura a febril ânsia do corpo
como a luz que agoniza
nos olhos turvos de um condenado
.
Labaredas em soluços cerram
as pálpebras do passado
na hora em que um grito se arranca
das profundezas da garganta
perante o sangue que escorre pela pedra-mãe
da constelação de calcário
.
Belisco-me para descobrir se estou vivo
mas sei no meu íntimo que sim
Bárbaro símbolo de vida,
não danso nem durmo
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sábado, março 19, 2005
Janela
Um sorriso apenas. Deste-me um sorriso apenas e um aceno com a tua minúscula mão de princesinha. E tanto me bastou para te saber bem, feliz, o melhor possível. Estás uma senhora, fica-te bem o casaco azul escuro e os tons rosa da malha, que se confundem com o rubor da tua face, mesmo quando no calor das brincadeiras ficas incandescente. Há pouco, apeteceu-me deter o carro que arrancou e te levou. Apeteceu-me pará-lo, arrancar-te de lá de dentro e dar-te um abraço apertado como tantos outros que já demos. E desejar ao mesmo tempo que aquele fosse melhor que todos os outros, que nos desse energia para tudo, para todas as tormentas que teremos de enfrentar no futuro. Hoje fiquei com uma lágrima no olho, bem sei que são apenas momentos, mas fico perdidamente aflito quando perco um instante mágico da tua vida e não o partilho, ou sinto como meu. Queria ser anjo, poder velar-te e garantir a tua felicidade. Só isso, nada mais. E poder morrer quando o conseguisse.
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Aqui estou
Aqui estou
despido de tudo
dono de nada, sequer do ar que respiro
do vento que sopra, dos murmúrios
dos sonhos, da vontade natural
dos homens
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Aqui estou
no fim do mundo
nas estepes sem desditoso fim
onde gela a erva verde da terra-mãe
corroída pelo glacial Inverno
do nosso tempo
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Aqui estou
no profundo mar
onde ninguém me toca
onde habitam a escuridão e os temores
mais recônditos que existem
no meu eu
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Aqui estou
à deriva e sem rumo
sem pontos cardeais
ou desejos colaterais
porque apenas procuro paz
e nada mais.
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quarta-feira, março 16, 2005
Palavras II...
Cautela. A hipotética beleza das palavras está no erro com que nos perplexam, na verdade crua que nos querem fazer acreditar, quantas vezes mascarada sob aparência de seriedade. Cuidado com as palavras aos dezasseis anos, aos trinta, aos quarenta... cuidado com todas as palavras, as tontas e as vãs, as boas, as que nos ferem e desassossegam, as esperançosas e as de malévola paciência. Pânico, palavras de regozijo irónico, brilho sinistro, poéticas, destrutivas, silenciosas, plenas de espuma, brancas, negras, fluentemente fluviais ou marítimas. De rei, de rainha, plebeu, pobretão, améres, de concentração animal... Palavras, fortes, deslocam montanhas, mundos, gargantas, luas e grutas obscuras. Palavras de marfim, espuma, sangrentas, carmim... palavras, de mel, dentro das veias, palavras mágicas, que soem bem em inglês, português ou francês, sem sentido, belas, ritmadas, universais. Eis o propósito vão do poeta, a escolha das palavras que libertem o leitor na escolha dos sentidos do poema.
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terça-feira, março 15, 2005
Olhares
Gosto
quando enches todas as coisas com a tua presença
as cobres com o teu silêncio
e encurtas a distância
entre a minha alma e a tua
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Trabalhos simples do teu olhar
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quando enches todas as coisas com a tua presença
as cobres com o teu silêncio
e encurtas a distância
entre a minha alma e a tua
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Trabalhos simples do teu olhar
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