terça-feira, maio 17, 2005

Sombra da realidade da sombra?



Espreitar o futuro
por uma nesga
acima do teu ombro
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e ainda assim sorrir
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75 anos

E porque estamos em maré de parabéns, embora muito atrasados, não nos podemos esquecer de uma jovem que já por cá anda há 75 anos, o que quer dizer que quando o Restaurador Olex foi posto à venda, já tinha alguma rodagem. Não sendo um dentífrico, não anda na boca de toda a gente, mas quase, e partilha do mesmo tipo de intimismo senão maior. A nova homepage da marca é simples e intuitiva, e até existe em português, apesar de eu ter preferido a versão original. Recomenda-se portanto uma visita, aqui. A novidade é a constante reinvenção da marca que o ano passou mudou o seu slogan para "1929 to 2004, 75 years of great sex" e criou uma nova linha de acessórios plenos de bom-gosto e minimalismo de linhas (demore-se no exame da puzzling version do Little Gem), bem como ilustrações e conselhos práticos (também) para iniciados. Enfim, boa navegação.

quinta-feira, maio 12, 2005

Um ano


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Parabéns JCB.
Aqui aguardamos pelo champanhe e pelo segundo ano. Salut!
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Mergulha,
toca a calma do fundo,
mesmo aí, alguém te segurará a mão.
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O Paradoxo


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A estranha sensação de poder chegar ao fim do mundo
mas não à esquina mais próxima.
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terça-feira, maio 10, 2005

Hanami II


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Cristalizar na Primavera
o milagre perfeito do Inverno na cerejeira
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Mariposa


Inês , Maio 2005
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As tuas asas diáfanas
de um tempo virginal
movem, quando se agitam,
todos os ventos do mundo
e revigoram este coração
que sossega ao sol,
a emergência imóvel
da paixão
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Docemente, recordo o sabor
e a ternura dos vértices quentes
de línguas entrelaçadas
enquanto um corpo se sujeita,
nos braços de outro,
em leito de energia celeste,
a um desejo eléctrico
vivido em sonhos
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Estende tuas asas, mariposa
como uma triste rede
que me ampara
por sobre o solo coberto
de erva verde e fresca
sopra para longe as lágrimas
que verto dos meus olhos oceânicos
enquanto perscruto o teu voo
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misterioso e insondável que te leva
a pousar numa pétala
cujo único defeito
é não ser lírio branco
na sua angústia de ter nascido
flor do campo sem alma,
escassa no amor
e na memória
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Blogs na Planície - 21 de Maio, Beja

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O Praça da República (a par de outros blogs que abaixo se mencionam) convida para um encontro de blogs em Beja, e já há programa de festividades agendadas. Ora veja o leitor:
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PROGRAMA
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Das 12H às 12H45 – Concentração no Largo em frente ao Convento da Conceição (Museu);
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13H00 – Almoço, no Restaurante “Pé de Gesso” (Lgo de Santa Maria – junto ao Museu) PREÇO: 15 €/pessoa
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Ementa:
- Entradas diversas
- Grelhada mista de porco preto c/ massa de migas e batatas fritas
- Mesa de doces
- Café
- Vinho regional do Alentejo (branco e tinto)
- Sangria
- Águas e refrigerantes (bebidas espirituosas não incluídas no preço)
No final do almoço: surpresa alentejana.
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15H30 – fotografia de grupo, na Escadaria do Convento
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16H00 – Inauguração da Exposição “Bit-Afectos”, com trabalhos fotográficos de
Nikonman e Ognid e textos relacionados – Bar “O Barrote” – Portas de Moura/Beja
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16H30 – Apresentação do livro “Mil e uma pequenas histórias”, de Luís Ene, com a presença do autor e do editor Paulo Querido – Bar “O Barrote”.
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Fim do Encontro
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Inscrições:
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As inscrições para o almoço devem ser efectuadas por e-mail para: Praça da República ou Aliciante (os endereços estão nos respectivos blogs). A inscrição deve ser efectuada até às 24H00 de 18 MAIO 2005 e da mesma deve constar:
- nome do blogger
- nome do blog
- nº total de participantes (blogger + acompanhantes)
- contacto: telemóvel ou telef fixo
- indicação de restrições alimentares.
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Não serão aceites inscrições que não respeitem o atrás referido. Não serão consideradas intenções de inscrição manifestadas em caixas de comentários. Todos os inscritos receberão confirmação da inscrição. A liquidação da despesa é efectuada no início do Almoço (agradece-se quantia certa ou cheque).
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[Uma história antiga]

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«Amo-te», dizia ele. E se chovesse, ou se o vento se levantasse na veiga, começava a correr, aflito, à procura de abrigo. E logo a chamava, dizendo «anda, corre, aqui estás protegida». Ela sorria. Como nos filmes. Porque nesse tempo acreditavam que há sempre um abrigo.
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Só mais tarde compreenderam que nada os protegia do amor.
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[JCB, in Presa do Padre Pedro, a tinta sobre papel]

segunda-feira, maio 09, 2005

Circum-navegação



Somos de longe, de muito longe,
e para lá temos de voltar,
depois da tempestade.
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quarta-feira, maio 04, 2005

Relógio de Sol

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Tu que amas o Sol perdidamente
não lhe vires as costas
nem abandones os raios que te lança
porque é teu o tempo
que marca o relógio do astro-rei
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Um pouco mais

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Sinto a minha vida a desmoronar-se
sobre uma folha de papel
e a cada verso
me suicido um pouco mais
a Sul
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segunda-feira, maio 02, 2005

Estio

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Mesmo agora, neste Estio,
a Terra não se cansa de dar flores
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sexta-feira, abril 29, 2005

Sorte

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Que importa?... Se fugiste ou fugi eu
da lembrança de um amor feliz
onde a saudade e a côr
se cruzam num abraço
forte como uma pancada brusca
num destino alheio às estações do ano
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Que valem agora?... tuas e minhas
trémulas e desafinadas palavras
como sons de um violoncelo
de arco quebrado
perdidas na voz de um canto nocturno
despedaçado pela lua
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O melhor agora? - perguntas
não ouvir nem ver
passar esta ponte sem ver o abismo,
sem sentir a queda na torrente fria
para que nada doa
nem os ecos de tristeza
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a sorte de quem ama
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A (in)cultura

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Faro Capital da Cultura começa amanhã. Esta manhã atravessei perpendicularmente a cidade por duas vezes e não vislumbrei o mais pequeno indício desse facto, à excepção do velho palco de sempre junto à doca. Condescendo que seja má vontade da minha parte, mas cheira-me a princípio de fiasco. Já agora, alguém sabe qual é o site internet do evento, qual a sede da organização e onde se pode obter a informação da programação?
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quinta-feira, abril 28, 2005

Vago

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Vago segredo o de um olhar transparente, fixo
sem resposta
O silêncio de uma distância insuportável
de uma vida sem luz
sem tempo e sem espaço
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Vejo, em ti, a luz que derruba a crista das ondas
E os remoinhos que se atravessam
no fluxo da vida
Como se somente a própria mão de Deus
Fosse o teu Verbo
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Nos versos procuro o teu poema mais belo
Aquele que exprime o que não existe em palavras
E que o mundo desconhece
em pureza
e esplendor
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Mesmo quando dentro de mim
batem negras asas
e não há segredo algum entre os sentimentos conhecidos
É o mortal desejo
que me obceca
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E deflagra o vazio da minha existência
Mendigo de olhos fechados
o instante de uma vida
ainda que para novamente naufragar
e dar à praia num monte de escombros
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Flutuando na vazante
celebrando o amor
que sobreviveu às cinzas do fogo na floresta sombria
e se perpetua
na memória dos homens do mar
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Apesar do Levante contínuo que sopra.

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terça-feira, abril 26, 2005

Profecia

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Sinto hoje na minha escrita
uma dor de ruas vazias
e muros garatujados a graffitti
cujas palavras vazias nada dizem
e apenas empobrecem
a alma de quem as lê de passagem
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Palavras sujas, gastas e sem viço
pedem-me a misericórdia de um fim
que lhes poupe o desassossego
de uma escrita moribunda
reflexo de uma alma por sarar
incapaz de agarrar o mais ténue sinal
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Eis o tardio fim próximo da escrita
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quinta-feira, abril 21, 2005

Vida

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Não consintas
que apague o teu divino alento
nem o brilho no teu olhar
com o meu insuportável padecer.
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terça-feira, abril 19, 2005

Post-it de Abril

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Nas traseiras da casa ouvir o regato
o abanar da rama da oliveira
junto à velha eira
e o riso desencontrado dos gaiatos

sentir a chegada do Verão
dobrar o casaco debaixo do braço
libertar-te num abraço
segurar-te ternamente na mão
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trocar um beijo sem jeito
encostar a cabeça ao teu peito
fazer-te feliz por benção e direito
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Flutuar

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Passares sobre a mágoa
e uma existência dolorosa
como se nada tivesse sucedido
e lentamente se apagarem
os traços do negrume
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assim te deites
sem te perderes.
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