sexta-feira, março 04, 2005

Tempo



Mergulho pela manhã na recordação do teu olhar
e sinto o empalidecimento das cores que me cercam
como se me envolvesse o opaco véu
da tua ausência
assim desabasse o céu
e tudo à minha volta perdesse
a transparência
.
Partiste há já uma eternidade
Impeço-me de crer no teu regresso
amiúde, acordo em sobressalto
a cada bater na porta
regurgito em cada alvorada, a memória distinta,
e uma e outra vez
evoco sem Norte
o canto melodioso de ti, sereia,
que nunca dormes
no teu leito de algas do fundo do mar
Debaixo do promontório.
.